O ESPAÇO BAUDELAIRIANO EM NADJA, DE ANDRÉ BRETON: A CIDADE NA LITERATURA E NA FOTOGRAFIA
Juliana Estanislau de Ataíde Mantovani | 43-56
Esta pesquisa parte de uma análise comparativa entre Charles Baudelaire e André Breton, no que concerne aos temas relacionados à multidão, à cidade e à flânerie. Em consonância com os apontamentos de Walter Benjamin, este trabalho busca reconhecer e demonstrar como as temáticas da lírica moderna de Charles Baudelaire encontram reflexos na narrativa literária de André Breton e reverberam em sua construção poética do espaço. Na obra surrealista Nadja (1928), André Breton apresenta descrições poéticas e fotografias que representam como os olhos errantes de um flâneur veem a cidade de Paris e, nesse contexto, deixa transparecer a figura enigmática de Nadja, que, envolta na multidão, é elemento intrínseco das ruas da cidade. Em Nadja, a literatura e a fotografia estão alinhadas no projeto surrealista de redescobrir a cidade de Paris. Se a modernidade transformara a cidade, como destaca Benjamin, a leitura de Nadja permite ao leitor reconhecer a cidade moderna que se tornara motivo poético pelas mãos de Baudelaire. De modo análogo, o projeto estético da fotografia para o Surrealismo dialoga com a possibilidade de descobrir o banal, o trivial que se esconde nos becos, nas esquinas da Cidade-Luz.
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