ESPAÇOS QUE VIGIAM: CORPOS OBEDIENTES E DOUTRINADOS EM MANHÃ SUBMERSA, DE VIRGÍLIO FERREIRA
Raul Gomes da Silva, Márcia Rejany Mendonça | 117-128
Este estudo procura desenvolver uma leitura possível a respeito da representação do espaço em Manhã Submersa (1980), obra do escritor português Virgílio Ferreira. Acreditamos que a casa pobre da mãe biológica de Antônio Santos Lopes, personagem-narrador do romance, a casa rica de D. Estefânia, mulher que o adota, e o Seminário, apresentados nesta narrativa são responsáveis por diminuir as potencialidades da infância de Antônio. Isso ocorre, porque tais espaços doutrinam e impõem sobre seu corpo regras e normas religiosas, que são reveladas através de ambientes e atmosferas distintas, colocando em evidência a vigilância do corpo. Os três espaços mencionados são fundamentais na construção da narrativa. Porém, o Seminário é o de maior significação, pois exerce, em relação a casa rica e a pobre, controle e vigilância mais acentuadas sobre o personagem central do romance. Por esse motivo, esta análise centra-se na relação entre o personagem-narrador e o espaço religioso, buscando compreender os efeitos que o Seminário produz no corpo do protagonista.
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