DENTRO DA NOITE: JOÃO DO RIO, RACISMO E MEDO URBANO
Júlia Lobão | 52-65
Apesar de ter sido grandioso ao retratar diversos espaços da periferia e da boemia carioca, João do Rio (1881-1921) frequentemente se apresentou como um dândi europeizado. Sua paixão pelas cidades o conectava muito mais aos brancos da elite intelectual do Rio de Janeiro do que aos negros perseguidos por uma sociedade ainda ressentida por uma escravidão recém-abolida. Porém, não obstante a sua obsessão pela cultura europeia, o autor jamais pôde livrar-se dos estigmas de sua cor; tal dualidade se expressa muitas vezes através de seus escritos. Em Dentro da noite (1910), o autor fragmenta seu protagonista entre aquele que possui as chaves da cidade e aquele que é atormentado por ela. O presente artigo tenciona apresentar a dupla voz de Rio que é simultaneamente agente e vítima de racismo e medo urbano.
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