LE MINOTAURE OU LA HALTE D'ORAN (1939), DE ALBERT CAMUS: ORÃ ANTES DA PESTE
Rodrigo de Oliveira Lemos | 94-112
A cidade argelina de Orã é palco de La Peste (1947), romance de Albert Camus, escritor francês nascido na Argélia e que viveu nessa cidade. Camus escreveu um ensaio sobre Orã, Le Minotaure ou La Halte d'Oran (1939). É sobre este texto que o presente artigo vai tratar, com o objetivo de mostrar como o olhar camusiano constrói uma representação subjetiva desse espaço urbano. Para tanto, deter-nos-emos, em um primeiro momento, no perfil histórico e geográfico dessa antiga cidade costeira (sua localização, sua demografia, sua história e sua inserção no império colonial francês à época do texto). Em um segundo momento, abordaremos cada uma das seções do ensaio de Camus e destacaremos alguns traços que dele emergem: a suposta falta de passado de Orã, a europeização parcial de seus costumes, por fim, as imagens da pedra, do labirinto e do Minotauro, símbolos de um espaço urbano anódino e opressivo. Concluiremos mostrando que essa descrição de Orã contém em germe elementos que anunciam obras mais tardias e mais conhecidas de Camus, como a noção de absurdo (central ao ensaio Le Mythe de Sisyphe, 1942) ou a crítica à modernidade em La Peste.
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