OSMAN LINS, PAVEL FLORIENSKI E OS SENTIDOS DO APERSPECTIVISMO
João Vianney Cavalcanti Nuto | 31-39
Este ensaio confronta as ideias de Osman Lins sobre o aperspectivismo na arte moderna, apresentadas em seu estudo Lima Barreto e o espaço romanesco, e as reflexões de Pavel Florienski sobre as distorções da perspectiva – explícitas na Idade Média e sutis no Renascimento. Osman Lins vê, na abolição da perspectiva na arte moderna, a superação do olhar humanista promovido pelo Renascimento. Pável Florienski defende que as distorções de perspectiva utilizadas pelos artistas medievais não resultavam de falta de conhecimento, mas era intencional, com o objetivo de expressar melhor a visão teocêntrica do mundo. Em suas análises de quadros, Florienski observa que também os pintores do Renascimento frequentemente violavam as leis de perspectiva a fim de conferirem melhor expressão aos seus quadros. Seguindo esse confronto, analiso alguns elementos que caracterizam o aperspectivismo da narrativa de Osman Lins a partir da coletânea de contos Nove, novena (1966) e nos romances Avalovara e A rainha dos cárceres da Grécia. Entre os elementos que contribuem para o aperspectivismo na narrativa de Osman Lins, destacamos a ambientação ornamental, como representação cósmica; a representação de um mesmo personagem simultaneamente em três fases da vida; e a oscilação de foco narrativo.
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