A POTÊNCIA DA ÁGUA E DO FEMININO: A ATUALIZAÇÃO DO MITO DE MELUSINA POR ANDRÉ BRETON
Marta Dantas | 1-10 https://doi.org/10.29327/2402731.9.2-1
A literatura é povoada de criaturas fabulosas, mas, na literatura francesa, Melusina tem um lugar de destaque. Personagem mitológica, de forma híbrida, ligada ao elemento água, metade mulher, metade serpente ou próxima à sereia, suas origens precedem, provavelmente, a chegada dos romanos no território francês. No século XI, tornou-se lenda fundadora de Poitou − comuna medieval francesa − e da família Lusignan. Por volta de 1400, Jean D’Arras e Couldrette transformaram a lenda oral em romance e tornaram Melusina ainda mais popular na França. Por meio de sua presença em Nadja, narrativa poética do surrealista André Breton escrita em 1927, e com o apoio dos estudos de Bachelard sobre a água, investigaremos a atualidade do mito e as questões que ele evoca: a ambivalência, a permeabilidade entre o desconhecido e o conhecido, o bem e o mal, o aquático e o terrestre, o imaginário individual e o coletivo, e como esses aspectos estão relacionados ao elemento água e a potência do feminino.
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