A ESPACIALIDADE LÍRICA EM A MONTANHA PULVERIZADA DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Fabiana Aparecida Nunes de Tôledo | 79-94
O seguinte artigo almeja estudar o poema A Montanha Pulverizada (1933), escrito por Carlos Drummond de Andrade. Em uma primeira leitura, o eu-lírico deixa transparecer características do Quadrilátero Ferrífero do Estado de Minas Gerais, mais especificamente o município de Itabira, no lapso temporal da primeira metade do século XX. No entanto, a concretude espacial, desde o primeiro verso, torna-se subjetiva e simbólica. Os relatos, lembranças e reflexões apresentadas pelo eu-lírico, sugerem ao bom leitor, atenção especial às referências linguísticas e estilísticas. Existe uma ênfase no transcorrer do tempo e nas profundas consequências provocadas no espaço. O espaço visto da “sacada” é provocador no próprio espaço interior do eu poético. Girando em torno do “eu”, o espaço é a total fonte de poesia do texto. A espacialidade está além da linguagem ou do cenário geográfico. Ele traz à tona impressões memorialísticas, enfim, as referências espaciais interligam toda a ideia que, ousamos traduzir como intencionalidade do artista; porém, a parir da análise espacial do poema, somos levados, sobremaneira, a encontrar, também, nosso espaço e a essência deixada por ele como verdadeira fonte de constituição de nossa identidade.
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