A ESTRADA EM LES CHOUANS, DE HONORÉ DE BALZAC
Rosária Cristina Costa Ribeiro | 28-37
O presente artigo tem como objetivos levantar e discutir alguns aspectos da espacialidade do primeiro romance de Honoré de Balzac (1799-1850), Les chouans ou la Bretagne en 1799, de 1829. Para alcançar tais objetivos, partimos das reflexões de Mikhail Bakhtin (1895-1975), apresentadas na obra Questões de literatura e estética, publicada originalmente em 1978. Essas reflexões concentram-se em torno do conceito do cronotopo literário. Dessa forma, o teórico russo parte de conceitos matemáticos para recriá-los dentro do campo da literatura, enfatizando, assim, as relações entre tempo e espaço na arte literária. O espaço selecionado foi a representação da estrada na referida obra e como essa espacialidade se integra com as demais características da narrativa, sobretudo a personagem. Deste modo, percebemos que a estrada é quase sempre a esperança de algo melhor. É pela estrada que as personagens pretendem atingir espacialidades onde o destino as espera, sem imaginar que vão encontrar seu destino no próprio percurso. A estrada é também a transposição dos espaços, e sua posterior conquista. Em Les chouans, mais do que a busca pelo desconhecido ou pelos espaços inabitados, a estrada leva a liberdade tão sonhada e a revolução dos destinos presos, de alguma forma, a ela.
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