AMARO MAR: O ESPAÇO MARÍTIMO COMO GERADOR DE EPIFANIA EM VIVA O POVO BRASILEIRO
Maria das Graças Meirelles Correia | 85-100
A negra Venância é estuprada pelo Barão de Pirapuama. Para superar o trauma, sonha como o mar. Este fato confirma sua predestinação: o percurso da personagem define-se no espaço marítimo. Dentre outros, cinco são os eventos cujo mar interfere na trajetória de Venância: o nascimento da personagem; a concepção de sua filha; o momento em que da à luz a Maria da Fé, heroína da trama; quando assume comando de barco pesqueiro e, por fim, ao ser assassinada. Nestes termos, o presente artigo analisa como o espaço do mar contribui com a redenção da personagem fazendo-a, por meio da rememoração da condição de liberdade das baleias, caçadas na Baía de Todos os Santos, retomar o desejo vital de enfretamento da sua condição de sujeição. O narrador, ancorado na referencialidade histórica que remonta ao período da pesca da baleia no Bahia, descreve o acasalamento dos mamíferos para assinalar o processo epifânico pelo qual passa a personagem após a experiência do estupro. Assim, são diversos os espaços encenados no trecho em análise, sendo o mar o local que, ao funcionar como espaço de redenção, também contribui para que se conscientize de sua condição de escravizada, e se engajar na luta pela liberdade.
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