VIDAS SECAS - EMPODERAMENTO FEMININO EM SINHÁ VITÓRIA
Agenor Francisco de Carvalho | 72-85
Este artigo intenciona analisar o espaço da obra Vidas Secas, bem como as teias sociológicas invisíveis utilizadas pelo escritor brasileiro Graciliano Ramos na tessitura de empoderamento de Sinhá Vitória. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter bibliográfico no campo da teoria do espaço literário, com um diálogo interdisciplinar com os estudos da sociologia do romance. Esta pesquisa foi fundamentada em: Brandão (2013), Goldmann (1990), Dalcastagnè (2015), Bachelar (1979), Arfuch (2010) entre outros, tecendo incursões sobre o espaço e, empoderamento feminino e suas possibilidades na literatura brasileira. Escrita na década de 1930, anuncia e ao mesmo tempo denuncia as questões sociais vivenciadas no sertão nordestino. Sinhá Vitória, embora determinada pela cultura da época à submissão do gênero feminino, é descrita como a responsável pelo equilíbrio da família, pelas estratégias de sobrevivência e pelos planos futuros. O espaço extratextual traz a ressignificação da luta, da exploração, da degradação humana, cujos valores simbólicos encontram ressonância na permanente luta. Com a sobriedade e lucidez, o futuro é sonhado e o destino da família é conduzido pela mulher. Nordestina, sertaneja e sobrevivente, empodera-se, ousa-se, permite-se, numa intenção explicitamente ficcional, mas ancorada em seu viés realista, encontrando em Sinhá Vitória a sua representação.
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