O ESPAÇO E AS IDENTIDADES EM TRÂNSITO – UMA REFLEXÃO ACERCA DO ROMANCE POLÍTICO STELLA MANHATTAN, DE SILVIANO SANTIAGO
Helena Maria de Souza Costa Arruda | 1-21
Publicado em 1985, o romance Stella Manhattan, de Silviano Santiago, traz à baila diversas temáticas, dentre as quais destacam-se o exílio e os confinamentos impostos por ele, sejam estes geográficos, uma vez que o protagonista Eduardo da Costa e Silva vê-se obrigado a deixar o Brasil e a mudar-se para Nova Iorque em plena vigência dos “anos de chumbo” da política brasileira; sejam estes anímicos, tendo em vista que Eduardo é também obrigado a viver sozinho, longe dos amigos e da família, num apartamento alugado em plena Manhattan. Neste “exílio”, Eduardo se despersonaliza para transformar-se na eufórica Stella Manhattan, seu “nome de guerra”. Com a identidade sempre em trânsito, ora como Eduardo, funcionário do Consulado do Brasil em Nova Iorque, ora como Stella, ou, ainda, sob o alterego de Bastiana, o processo identitário de Eduardo torna-se cada vez mais imbricado e complexo, uma vez que além dos diálogos interiores que trava com seus outros, Eduardo fica à mercê das mais torpes situações, num processo ascendente de desconstrução da sua subjetividade. Assim, Silviano Santiago constrói a narrativa, utilizando-se da ditadura militar brasileira como cenário de uma conturbada e envolvente trama que tem como tema central a deslealdade imposta pelos diferentes espaços a que a personagem central é submetida.
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