“SER PEQUENO NA CIDADE”: FRATURAS E DESVIOS DO ESPAÇO URBANO NA LITERATURA PARA A INFÂNCIA
Dulce Melão | 56-68 https://doi.org/10.29327/2402731.8.1-4
Este artigo tem como objetivo indagar modos de reler fraturas e desvios do espaço urbano no livro-álbum Siga a seta! Uma aventura (só para corajosos) no espaço entre as setas (MARTINS, 2010). Alicerçada numa caminhada cujas linhas teóricas norteadoras contemplam acordes da distopia que reabrem contrastes entre o “espaço opressor” (BOLLNOW, 2019) e a “experiência poética do espaço” (PETIT, 2020), a reflexão realizada procura interrogar os seus desdobramentos e disrupções. Para tal, foram estabelecidos os seguintes objetivos: i) compreender o modo como a cidade pode ser redesenhada enquanto espaço velador de contrastes que se nutrem de fraturas germinadoras de poesia; ii) refletir sobre as consequências de tal reconfiguração espacial enquanto móbil instigador da participação dos leitores na reconstrução do tecido plurissignificativo da cidade; iii) demandar os limiares que o “espaço entre as setas” reconstrói, abrindo mobilidades de habitar a cidade, em plena liberdade. Conclui-se que, na obra analisada, a cidade se revela enquanto espaço multiplicador de espaços que ressoam para além da página, reconstituindo limiares que se alimentam do sonho e da dor, em acordes distópicos que fomentam o inesperado.
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