TRADIÇÃO ORAL E LINGUAGEM: O PODER REGENERADOR DA PALAVRA EM HOUSE MADE OF DAWN
Zaida Pinto Ferreira; Ana Maria Costa Lopes; Anabela Sardo | 86-106
O objetivo deste artigo é demonstrar, através da análise da obra de Momaday, House Made of Dawn que, para as sociedades nativas, a palavra é considerada sagrada. Pretende-se, ao mesmo tempo, chamar a atenção para a questão do valor da palavra proferida, refletindo acerca do poder da linguagem. A palavra representa poder, sabedoria, verdade, tal como aconteceu já na cultura judaico-cristã, conforme comprovam as Sagradas Escrituras, nomeadamente os Evangelhos, onde a verdade dos ensinamentos de Jesus é evidenciada.
Se a palavra foi perdendo força para o Ocidente judaico-cristão, o mesmo não ocorreu entre os povos nativos. Assim, na conceção indígena, sempre que se pronuncia algo, convoca-se uma imagem do acontecimento a qual irá, através de um movimento de vibrações energéticas que entram em relação com outros poderes e energias da natureza, materializar-se no mundo concreto. Deste modo, o autor Scott Momaday, expoente de criatividade e um dos maiores arautos da tradição oral, sustenta, através do personagem Abel, que é possível ao sujeito ultrapassar ruturas e fragmentações e, graças à identificação com a Cultura e tradições do seu povo, dar sentido à vida e recuperar a Unidade.
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