ALTERIDADE AUTOBIOGRÁFICA: O DESDOBRAMENTO DO SELF NO ESPAÇO DE O MENINO GRAPIÚNA
Ana Carolina Cruz de Souza | 22-33
O estudo que ora se apresenta objetiva refletir sobre a fragmentação da identidade narrativa presente em O menino grapiúna, de Jorge Amado, perscrutando as circunstâncias em que o eu enunciativo transborda para a alteridade de si mesmo, revelando-se na terceira pessoa do discurso, isto é, pela forma pronominal ele. Buscamos, na medida do possível, entender a bipartição enunciativa – eu/ele – na composição do perfil d’o menino grapiúna. Valemo-nos, para tanto, do método da pesquisa bibliográfica e do estudo de caso. Uma avaliação mais apurada da referida obra de Amado, mediante estudo de caso, revelou que o eu que se apresenta no espaço narrativo, muitas vezes, metamorfoseia-se em outro de si mesmo, sem, contudo, deixar de ser o mesmo. Significa dizer que a constituição do self transita em terreno movediço de escrita e de formas de auto/alter- representação, fato que resulta em fissura do “pacto autobiográfico”, nos moldes do que está posto por Lejeune (2008). No entanto, não podemos determinar critérios rígidos para a representação e disrupção do eu na obra analisada.
|